Libertação dos escravos no Brasil – 1888

O processo de libertação dos escravos no Brasil durante o Império foi um movimento complexo que culminou na abolição da escravidão em 1888. Esse processo foi influenciado por uma série de fatores sociais, políticos e econômicos ao longo do século XIX.

Causas

As principais causas da abolição da escravidão incluem:

Pressão Internacional: A crescente pressão de países abolicionistas e a influência de movimentos antiescravistas na Europa e nos Estados Unidos ajudaram a criar um ambiente favorável à abolição.

Mudanças Econômicas: A economia brasileira começou a mudar, com o crescimento das indústrias e a necessidade de mão de obra livre. A escravidão se tornava cada vez menos compatível com o desenvolvimento econômico moderno.

Movimentos Abolicionistas: O surgimento de grupos abolicionistas, que incluíam intelectuais, políticos e membros da sociedade civil, começou a mobilizar a opinião pública contra a escravidão. Personalidades como Joaquim Nabuco, André Rebouças e José do Patrocínio foram fundamentais nesse movimento.

Conflitos Sociais: A resistência dos escravizados, através de fugas e revoltas, como a Revolta dos Malês, mostrava o descontentamento e a luta por liberdade, pressionando ainda mais por mudanças.

Leis Abolicionistas

Várias leis foram implementadas ao longo do processo de abolição:

Lei Eusébio de Queirós (1850): Proibiu o tráfico ilegal de escravos, mas não aboliu a escravidão existente.

Lei do Ventre Livre (1871): Declarou que todos os filhos de mulheres escravizadas nascidos a partir daquela data seriam considerados livres.

Lei dos Sexagenários (1885): Libertou os escravizados com mais de 60 anos, embora muitos já estivessem em condições precárias de saúde.

Lei Áurea (1888): Proclamada em 13 de maio de 1888, aboliu a escravidão sem qualquer compensação aos proprietários de escravos, sendo a última grande medida abolicionista.

Consequências

As consequências da abolição da escravidão foram profundas:

Liberdade sem Direitos: A abolição não trouxe direitos civis ou sociais imediatos para os ex-escravizados, resultando em marginalização e pobreza.

Mudanças Sociais: A sociedade brasileira começou a se reconfigurar, com um aumento na mobilização política entre os ex-escravizados e seus descendentes.

Impacto Político: A abolição da escravidão foi um fator que contribuiu para a instabilidade do Império, levando à Proclamação da República em 1889.

Legado Cultural: A luta pela abolição deixou um legado duradouro na cultura brasileira, influenciando a arte, a música e a literatura.

A abolição da escravatura em 1888 teve um impacto significativo na economia brasileira, que se manifestou de várias maneiras:

1. Transição da Mão de Obra

A abolição resultou na necessidade de uma nova fonte de mão de obra. Com a libertação dos escravizados, o Brasil começou a buscar trabalhadores livres, incluindo a imigração de europeus, especialmente italianos e alemães, para suprir a demanda por trabalho nas lavouras e nas indústrias.

2. Mudanças na Estrutura Agrária

A economia agrícola, que dependia fortemente do trabalho escravo, teve que se adaptar. Os proprietários de terras começaram a modernizar a produção, utilizando técnicas mais avançadas e investindo em maquinário, mas enfrentaram dificuldades em manter a produtividade sem mão de obra escrava.

3. Aumento da Proletarização

Muitos ex-escravizados enfrentaram dificuldades para se reintegrar à economia, resultando em uma classe trabalhadora marginalizada. A falta de acesso a terras e oportunidades de trabalho levou muitos a migrar para as cidades, onde se tornaram trabalhadores urbanos em condições precárias.

4. Crescimento da Indústria

O pós-abolição viu um crescimento gradual da industrialização no Brasil. A necessidade de uma nova força de trabalho levou à expansão das indústrias, embora as condições econômicas ainda fossem desafiadoras.

5. Desigualdade Econômica

A abolição não incluiu políticas de inclusão social ou econômica para os ex-escravizados, resultando em um aumento da desigualdade. Os antigos proprietários de escravos mantiveram suas riquezas e terras, enquanto muitos libertos permaneceram em situação de pobreza.

6. Mudanças nas Relações de Produção

As relações de produção passaram a incluir formas de trabalho assalariado, mas a transição foi lenta e marcada por resistência. O trabalho assalariado era frequentemente explorador, com baixos salários e longas jornadas.

7. Reformas Agrárias e Sociais

A necessidade de reformas agrárias e sociais se tornou evidente, mas as mudanças foram lentas e frequentemente ignoradas pelos governos subsequentes, perpetuando a exclusão social.

Conclusão

A abolição da escravatura trouxe desafios significativos para a economia brasileira, exigindo uma reestruturação de suas bases produtivas e sociais. Embora tenha aberto caminho para novas formas de trabalho, os legados da escravidão e da desigualdade continuaram a influenciar a sociedade brasileira por muitas décadas.

Atividade

1-Qual foi a principal lei que aboliu a escravidão no Brasil?

1. a) Lei Eusébio de Queirós
2. b) Lei do Ventre Livre
3. c) Lei dos Sexagenários
4. d) Lei Áurea

2-Quem foi um dos principais abolicionistas brasileiros?

1. a) Dom Pedro II
2. b) Joaquim Nabuco
3. c) Getúlio Vargas
4. d) Rui Barbosa

3-Qual foi uma consequência da abolição da escravidão?

1. a) Aumento do tráfico de escravos
2. b) Liberdade com falta de direitos sociais
3. c) Estabilidade política imediata
4. d) Criação de novas leis trabalhistas

Gabarito

1-d) Lei Áurea

2-b) Joaquim Nabuco

3-b) Liberdade com falta de direitos sociais

Fonte

Fausto, Boris. “História do Brasil.” Ed. Atual.

Professor e Pedagogo – Henrique de Melo