Letra e música: Henrique de Melo
Agora sou negro
Agora sou negro, agora sou branco, agora sou índio sou amarelo
Como posso ser alguém na mira de um parabelo
Sou chinês, sou japonês, tudo sempre está ligado
Pra onde vou de onde venho isso nunca vem ao caso
[verse 2]
Agora sou negro, agora sou branco, agora sou índio sou amarelo
Buscando nas diferenças – união com nossos elos
Sou cachorro, sou um gato sou pantera sou leão
Como posso ser alguém se estou sempre no chão
Essa vida é passageira não adianta chorar
Cedo ou tarde chega o dia que você vai vacilar
[verse 3]
Agora sou negro, agora sou branco, agora sou índio sou amarelo
Não tem rima, só tem sina, e você no meu chinelo
Aqui um dia tudo para, um dia tudo termina
Falando em cima da letra esqueço o nome dessa mina
[verse 4]
Agora sou negro, agora sou branco, agora sou índio sou amarelo
Quem busca a luz na escuridão, nunca vê o meu castelo
Sou coite, sou chinês, sou amarelo sou francês
Sou um negro que te fala vem comigo pra tu ver
O que passo o que vivo nesse mundo desigual
Não posso andar a noite e morro como animal
[verse 5]
Agora sou negro, agora sou branco, agora sou índio sou amarelo
Sou cachorro, sou um gato sou pantera sou leão
Sou o homem que te fala do meio da multidão
Agora sou negro, agora sou branco, agora sou índio sou amarelo
Não posso andar a noite to preso no meu castelo
Resenha sobre a música:
“Agora sou negro” de Henrique de Melo:
Afirmação da diversidade étnica e cultural
A repetição de “Agora sou negro, agora sou branco, agora sou índio, sou amarelo” representa a multiplicidade humana, sugerindo que todos somos parte de um mesmo coletivo.
Quebra de barreiras raciais e sociais
Ao se declarar pertencente a diferentes grupos, o eu lírico propõe uma visão inclusiva e antidiscriminatória, reforçando a ideia de união nas diferenças.
Desigualdade e invisibilidade
A música denuncia a marginalização de pessoas que vivem “no chão”, sem oportunidades, sem voz, e muitas vezes vítimas da violência.
Reflexão sobre o valor da vida
Frases como “Essa vida é passageira, não adianta chorar” e “Um dia tudo termina” trazem uma perspectiva filosófica sobre a finitude e a urgência de viver com propósito.
Condições de vulnerabilidade
O verso “Não posso andar à noite e morro como animal” é um grito de dor e denúncia sobre a insegurança e o preconceito enfrentado por pessoas negras e periféricas.
Uso de metáforas e imagens fortes
A comparação com animais (“sou cachorro, sou gato, sou pantera, sou leão”) reforça a luta por sobrevivência e dignidade.
Tom de desabafo e resistência
A voz do eu lírico emerge do “meio da multidão”, como alguém que representa muitos e exige ser ouvido.
Ritmo livre e espontâneo
A estrutura da música foge da métrica tradicional, criando uma sensação de urgência e autenticidade.
Busca por reconhecimento e justiça
“Quem busca a luz na escuridão nunca vê o meu castelo” sugere que a sociedade ignora as conquistas e a humanidade de quem vive à margem.
Castelo como metáfora de dignidade
Mesmo preso, o eu lírico afirma ter um “castelo”, símbolo de valor interior, resistência e identidade.
Professor e Pedagogo – Henrique de Melo